Na agricultura, fatores como o clima, o solo, a umidade e a irrigação influenciam diretamente no desenvolvimento da plantação. Cada cultivo precisa de condições específicas para crescer e isso inclui a quantidade de água que ele necessita.
Por isso, ao planejar uma safra, é importante colocar no papel aspectos que são variáveis, para não ter surpresas no meio da colheita, como a irrigação. A irrigação nada mais é do que molhar a planta, mas não é uma atividade tão simples, envolve técnica, investimento e um planejamento eficaz, que leva em consideração o tipo de solo, a espécie plantada e outros fatores.
Neste artigo, vamos apresentar a agricultura irrigada e sua importância na agricultura, destacando métodos e a questão da água no Brasil. Venha conferir!
O que é agricultura irrigada?
A irrigação é uma técnica já consolidada na agricultura há décadas, que consiste em aplicar superficialmente uma quantidade de água específica no solo para umedecê-lo e criar condições propícias para o desenvolvimento da plantação.
Em solos com baixa umidade ou condições climáticas mais secas, a irrigação é indispensável, no entanto não pode ser usada de forma impensada e, por isso, a é uma ótima solução. A agricultura irrigada combina diferentes conhecimentos, como as características do solo e da planta, o clima da região e a preferência do produtor rural para desenvolver um sistema de irrigação eficaz.
Esse sistema é mais efetivo, pois busca entender o contexto da propriedade rural e como a irrigação irá auxiliar na produtividade. Além disso, evita desperdícios relacionados a utilização da água, o que gera uma economia e este capital pode ser utilizados em outras tarefas.
Sabemos que a água é um recurso essencial em muitas atividades, principalmente na agricultura, por isso é preciso usar com consciência para evitar a falta deste recurso no futuro. Nos próximos tópicos, iremos contextualizar a situação da água no Brasil e conhecer os principais desafios da aplicação da agricultura irrigada no território nacional.
O contexto da água no Brasil
A água é utilizada em diversos setores econômicos, como vestuário, indústria de alimentos, indústria de base e outros, além do consumo nos lares brasileiros. Na agricultura, como falamos anteriormente, é um recurso indispensável na plantação. Dessa forma, é preciso ser utilizado adequadamente, com consciência.
Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), apenas 3% da água no mundo é propícia para consumo, desse valor, 12% dessa água está localizada no Brasil. Contudo, nem toda a população tem acesso a água, ocasionada pela má distribuição dos recurso e degradação dos mananciais, conforme informações do Canal Rural.
Ainda segundo a ANA, no relatório de Conjuntura de Recursos Hídricos no Brasil em 2017, último relatório divulgado, entre 2013 e 2016 mais de 45 milhões de pessoas foram afetadas pelas secas ou estiagens. Dessa forma, podemos perceber que alguns estados enfrentam problemas relacionados a crise hídrica, reforçando a necessidade de um consumo mais consciente.
Este relatório é referência no Brasil e leva em consideração os dados fornecidos por 50 instituições parceiras no país. Para saber mais, acesse o portal do Governo Federal. Dessa forma, é necessário pensar em alternativas mais econômicas para a utilização da água.
Desafios para a implementação da agricultura irrigada
- Infraestrutura
Segundo Demetrios Christofidis, Coordenador de Eficiência de Agricultura Irrigada do Departamento de Desenvolvimento Hidroagrícola, no Brasil, apenas 6,7% da área cultivada corresponde a agricultura irrigada. Contudo, esse sistema possui um alta produtividade nas fazendas que aplicam, correspondendo a 20% da produção da safra.
A baixa utilização da agricultura irrigada nas propriedades rurais está associada ao ciclo hidrológico, sendo necessário elaborar uma infraestrutura hídrica capaz de suprir a demanda. O que torna a implementação da agricultura irrigada pouco acessível para os pequenos e médios produtores rurais, devido ao investimento em adequação do ciclo hidrológico.
- Financiamento
Outro desafio é o investimento necessário para estas adequações. Para Antônio Pontóglio, Gerente de Divisão da Diretoria de Agronegócios do Banco do Brasil, os investimentos na agricultura irrigada ainda são baixos em comparação a expansão do setor agrícola.
Segundo o especialista, as linhas de crédito específicas para a irrigação correspondem a apenas 1% na carteira de agronegócios do banco, um número inferior ao mercado.
Dessa forma, é necessário discutir e pensar em soluções para aumentar os investimentos em agricultura irrigada no Brasil, para que os produtores rurais tenham amparo para investir neste sistema.
- Políticas de desenvolvimento da agricultura irrigada
Em um estudo realizado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, identificou que o potencial de área irrigada não é utilizada no Brasil, ocorrendo uma baixa aderência dos produtores a técnicas mais avançadas de irrigação, que geram produtividade para o campo.
Ainda segundo a análise, a baixa utilização está ligada aos recursos financeiros destinados ao desenvolvimento do sistema, que não são suficientes. Dessa maneira, podemos perceber a importância de pensar em políticas públicas que visem o crescimento da utilização da área irrigada no país.
Para saber mais sobre a agricultura irrigada no Brasil, acesse a cartilha da Embrapa. O material foi elaborado pela Embrapa, Instituto de Pesquisa e Inovação na Agricultura Irrigada, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
Quais os principais métodos de irrigação?
- Aspersão
A irrigação por aspersão é aplicada em toda a plantação na forma de gotas e é um método adaptável, porém seus custos podem aumentar conforme o nível de tecnologia aplicado. Além disso, equipamentos agrícolas com autopropelido e pivô podem ser utilizados para a distribuição da água.
- Gotejamento
No método de irrigação por gotejamento, a água penetra diretamente na raiz da planta, por meio de gotejadores dispersos na área. Essa técnica é mais econômica e evita desperdício de recursos hídricos, sendo uma das mais indicadas.
Além disso, é uma das principais técnicas para produtores que pretendem aumentar o rendimento da fazenda, já que a irrigação por gotejamento duplica o potencial produtivo da plantação.
- Localizada
A irrigação localizada é próxima ao caule das plantas, sempre abaixo de uma área sombreada da planta. Contudo, assim como a irrigação por aspersão, a técnica exige um alto custo de investimento e manutenção que podem ocorrer de tempos em tempos.
- Superfície
Por último, temos a irrigação por superfície, agindo diretamente na raiz. O que diferencia esta técnica na irrigação por gotejamento, é que o sistema condutor de água fica abaixo do solo, dando uma impressão de alagamento. O custo de manutenção é maior devido aos condutores de água serem abaixo do solo.
Podemos perceber que a agricultura irrigada, apesar de pouco utilizada no Brasil, carece de mais investimentos e incentivos para sua implementação em todo o território nacional. Além de utilizar equipamentos tecnológicos, a técnica auxilia na preservação de recursos hídricos, promovendo o consumo consciente.
Por Thais Rodrigues*
*Estagiária sob supervisão de Isabela Azi
FONTES:
Aegro – https://blog.aegro.com.br/
Tecnologia no campo – https://tecnologianocampo.com.br/
Governo Federal – https://www.ana.gov.br/
Canal Rural – https://www.canalrural.com.br/
Embrapa – https://www.embrapa.br/