Além de se preocupar com os assuntos do campo, o produtor rural também precisa estar atento ao que acontece no mundo. Afinal, o mercado influencia na tomada de decisões do negócio. Veja como anda o cenário de commodities agrícolas em 2023!
Assim como planejar o início de cada safra é importante para tomar decisões mais consistentes e sair na frente em relação aos seus concorrentes, estar atento ao que acontece no mercado é essencial, já que as oscilações também impactam o seu negócio.
Além disso, pode influenciar a sua produção e o planejamento estratégico do seu negócio rural. Afinal, a demanda é o que impulsiona o crescimento e, quando falamos em demanda, é preciso falar também das commodities agrícolas.
As commodities agrícolas são produtos comercializados em larga escala, sem diferenciação e são negociados na bolsa de valores, é o caso da soja, milho, açúcar e a carne bovina, em se tratando do agronegócio. Esses produtos podem sofrer variações em seus preços impulsionados por eventos climáticos, políticos e econômicos.
Tudo isso afeta a economia de um país, seu crescimento e, consequentemente, os negócios. É por isso que você, produtor rural, precisa acompanhar de perto essas oscilações para proteger o seu empreendimento rural e estar mais preparado.
Neste artigo, você vai ler sobre o cenário das commodities agrícolas em 2022 e o que se pode esperar para a safra 22/23, com análises de entidades importantes ligadas ao agro e informações sobre as exportações brasileiras que colocam o país em uma posição global importante.
Como foi o ano de 2022 no cenário de commodities agrícolas?
Se você tem acompanhado o mercado e principalmente as commodities agrícolas, sabe que os produtos estão em um cenário de valorização de preços, conhecido também como o boom das commodities.
Esse cenário é muito bom para o agronegócio brasileiro e, principalmente, para a economia e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2021, as duas maiores economias globais, os Estados Unidos e a China, impulsionaram a demanda de commodities agrícolas.
Com isso, os preços entraram em um ciclo de alta, além de problemas no fornecimento de matéria-prima que contribuíram para o aumento dos preços. Este ano, a onda de crescimento se repetiu, principalmente nos primeiros meses.
Um exemplo disso é o valor da saca do milho, que registrou R$ 100 no início de 2022, considerado um recorde na série histórica do Cepea/USP. O trigo também teve uma valorização de 19%, motivado principalmente pelo conflito no leste europeu.
O volume de exportações também não fica para trás, segundo as previsões da XP Investimentos, Bradesco e Itaú, o cenário é positivo para 2022. O Bradesco elevou a expectativa das exportações para US$ 339 bilhões ante os US$ 286 bilhões projetados anteriormente.
A XP também apostou alto na sua previsão de exportações, com US$ 324,4 bilhões, valor bem aproximado ao projetado pelo Bradesco. Já os estudos do Itaú mostram um superávit comercial de US$ 74 bilhões.
E o que todos esses números dizem de fato? Que as previsões de crescimento e cenário positivo para o Brasil devem ser responsáveis por um aumento no PIB, correspondendo por cerca de 16% dele, uma parcela muito significativa.
Além disso, os fenômenos climáticos que trouxeram prejuízos em diversas regiões brasileiras contribuíram para uma menor oferta de algumas commodities agrícolas e, com a demanda doméstica e internacional aquecida, os preços também se elevaram.
As exportações do agro em 2022
Além de acompanhar as commodities agrícolas e a receptividade do mercado, outro ponto que o produtor precisa acompanhar são as exportações do agro. Em 2022, entre os meses de janeiro e setembro, as exportações agrícolas somaram US$ 122,07 bilhões.
Até setembro, o montante chegou a US$ 13,9 bilhões, um aumento de 38% em comparação com o mesmo período do ano anterior. No mês de setembro de 2022, a quantidade exportada também aumentou, chegando a um aumento de 18%.
Este ano, as perspectivas para o agronegócio são de crescimento positivo, já que no acumulado dos primeiros nove meses do ano já foi possível alcançar 30% a mais de crescimento, em comparação com o mesmo período em 2021.
O principal país exportador já é um velho parceiro de negócios do Brasil, a China, que neste ano aumentou o número de importações de produtos agrícolas brasileiros para US$ 3,69 bilhões, um aumento de 13% em comparação com 2021.
Diante dos números positivos que vemos para o cenário agrícola, a pergunta que fica é: como será o ano de 2023 para o agro brasileiro? No próximo tópico você verá uma panorama das perspectivas para o novo ano.
O que pode-se esperar para o cenário das commodities agrícolas em 2023?
Muitos produtores rurais já começaram o planejamento para o Ano Safra 22/23, inclusive a produção agrícola já está em andamento. Para alinhar expectativas, é importante observar as previsões para o próximo ano. Acompanhe abaixo as principais projeções:
- Produção de grãos em 2023
Em se tratando de produção total de grãos, o Brasil ocupa hoje a quarta posição no ranking global, ficando atrás de Estados Unidos, China e Índia, respectivamente. Contudo, a previsão apontada pelo estudo da Embrapa “O Agro no Brasil e no Mundo”, aponta que o Brasil deve ultrapassar a Índia e se colocar como terceiro produtor.
Atualmente, a produção de grãos brasileira, que inclui arroz, soja, milho, trigo e cevada, é de 250 milhões de toneladas em 2021. O desafio principal é aumentar a produção de cevada, trigo e milho.
Além disso, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já projeta uma safra de grãos recorde de 312,4 milhões de toneladas. Caso essa estimativa se confirme, a diferença entre a atual produção seria de 41,5 milhões de toneladas a mais.
Os destaques continuam sendo para as culturas de soja e milho, que devem somar uma produção de 279,3 milhões de toneladas.
- Área plantada
Outro fato importante a se observar é a área destinada ao plantio das culturas. Para 2023, como você viu no tópico anterior, pode-se esperar o aumento na produção de soja e milho, que são os principais produtos brasileiros.
A expectativa é de crescimento da produção e também da área destinada para o desenvolvimento das culturas. O ganho para a cultura da soja será de 3,4%, totalizando cerca de 42,89 milhões de hectares.
Já na cultura de milho, foi preciso ter cautela na primeira safra do cultivo e isso representa uma redução de área cultivada de 1,5%. Contudo, a produtividade deve se manter em um patamar positivo.
Outros grãos que devem reduzir a área cultivada são arroz e feijão, mas que irá garantir o atendimento da demanda doméstica pelos produtos agrícolas. Um ponto positivo é no caso do feijão, que apresenta um ciclo produtivo mais curto.
Outro foco é a produção de algodão, que deve ganhar um incremento de área quase 2% maior, com 1,3 milhão de hectares e colheita estimada em 2,92 milhões de toneladas.
- Preços das commodities agrícolas
No último ano, o agronegócio se beneficiou muito com o aumento exponencial dos preços das commodities agrícolas. Contudo, estimativas para 2023 feitas pelo Banco Central preveem uma desaceleração econômica, o que impacta também o valor dos produtos do agro.
Para o próximo ano, a entidade financeira estima a retração de 4,5% nos preços das commodities, que deve terminar 2022 por 123,2 pontos e pode chegar até 117,7 pontos até o final do próximo ano. Dessa forma, grandes culturas como soja, milho, trigo e café serão afetadas.
Apesar das incertezas, o Banco ainda afirma que mesmo com a queda, os preços ainda serão considerados altos comparados às suas médias. Por isso, é importante ficar atento, pois o cenário ainda é de incertezas e eventos políticos, econômicos e climáticos podem mudar os preços.
- Exportações brasileiras
O Brasil está atento ao atual momento do seu principal parceiro comercial: China, que começa a dar indícios de desaceleração. Como você viu no tópico anterior, o país asiático aumentou o número de importações em 13% de produtos brasileiros.
Para 2023, apesar desse momento de desaceleração, a China ainda depende do Brasil para garantir a sua segurança alimentar e o estreitamento das relações comerciais podem render bons frutos para a economia nacional.
Conclusão
Você viu neste artigo o panorama do agronegócio brasileiro em 2022, considerando aspectos como a exportação, a produtividade e o cenário de aumento das commodities agrícolas considerando diversos fatores do mercado.
Além disso, você viu as perspectivas para o ano de 2023, um ano que pede cautela por ser um momento de desaceleração global.
Se você quer continuar acompanhando o cenário econômico e o mercado, com perspectivas voltadas para o agronegócio brasileiro, siga a Cerrado no Instagram, Facebook e YouTube para ter acesso a conteúdos exclusivos sobre máquinas, gestão da fazenda, cuidados com a lavoura, manutenções e muito mais.
Por Thais Rodrigues*
*Estagiária sob supervisão de Isabela Azi
FONTES:
CNN Brasil – https://www.cnnbrasil.com.br/
O Presente Rural – https://opresenterural.com.br/
Embrapa – https://www.embrapa.br/
InfoMoney – https://www.infomoney.com.br/
CNA Brasil – https://cnabrasil.org.br/cna