A cada 10 a 15 anos, aproximadamente, a Oscilação Decadal do Pacífico (ODP), que é uma flutuação oceânica de longo prazo do Oceano Pacífico, aumenta ou diminui. Contudo, nos últimos anos, a ODP mudou de fase muito rápido. Somado a isto, estes dados da topografia da superfície do oceano são usados, juntamente com outras informações oceânicos e da atmosfera, para que os cientistas sejam capazes de determinar se estamos em uma fase “fria” ou “quente”.
A fase ‘fria”, também conhecida como “negativa”, é caracterizada por um núcleo de água fria e temperaturas oceânicas mais baixas do que o normal no Pacífico equatorial oriental. Além disto, há um padrão de ferradura quente de alturas da superfície do mar mais altas do que o normal, conectando o norte, oeste e sul do Pacífico. Já na fase “quente” ou “positiva”, o oeste do Oceano Pacífico torna-se frio e a cunha no Leste aquece.
Houve uma fase “fria” ocorreu entre 1947 e 1976 (29 anos) e, na sequência, uma “quente” de 1977 a 1999 (22 anos). No entanto, mais recentemente, estas fases foram muito mais curtas. Em 1999, entramos em uma fase “fria” por cerca de 4 anos (1999-2002), seguida por uma fase “quente” que continuou por 3 anos. Então, veio uma fase neutra até 2007, quando entramos novamente em uma fase “fria” que durou até 2013. A última mudança de fase foi em 2014, quando se tornou fortemente positiva (‘quente’).
Desde então, a ODP está com o núcleo de águas mais quente no oceano Pacífico norte. Com isto, tivemos mais eventos climáticos “La Niña” nesse período, com exceção do intenso fenômeno “El Niño”, de 2015-2016.
Já de 2017 até setembro de 2021, a ODP estava novamente em sua fase “negativa” o que favorece os fenômenos “La Niña”, com chuvas sendo benéficas para o centro norte do Brasil, incluindo o Nordeste e norte de Minas Gerais. A partir de outubro de 2021, começamos a notar uma mudança de fase, com um núcleo frio no Pacífico Norte. No mapa abaixo, de novembro de 2021, é possível identificar esta mudança de padrão da ODP.
Em conclusão, a mudança de padrão da ODP sugere que a partir de 2022 teremos mais eventos “El Niño”, com chuvas abundantes no centro sul do Brasil, o que é muito positivo, ao contrário do “La Niña”, que também é conhecido nos Estados Unidos da América como “A rainha das SECAS”. Contudo, tal cenário não é bom, principalmente, para o Nordeste e Norte de Minas Gerais.
Legenda: Gráfico da ODP, desde 1900, até o ano de 2020 e previsão da ODP, de 2022 a 2026 (tendência de eventos “El Niños). EASTERBROOK, 2008; adaptação Rebello, E. 2013.