Entenda como a prática de chipagem funciona e quais os riscos que ela traz para os tratores e máquinas agrícolas, segundo os especialistas. Veja mais abaixo!
No meio agrícola, os produtores rurais sempre buscam maior produtividade e desempenho, para conseguir aumentar a rentabilidade da fazenda e os números da lavoura. Entre as técnicas empregadas, está a reprogramação de máquinas, conhecida popularmente como chipagem, um método que consiste em alterar certas características de fábrica para modificar a performance do equipamento. No entanto, esse método oferece sérios riscos à performance e desempenho do equipamento e não deve ser utilizado como alternativa para melhorar a produtividade da fazenda, pois pode acarretar em diversos prejuízos.
Segundo informações do Globo Rural, a reprogramação de máquinas custa em média de R$3 mil a R$6 mil e pode alterar definições relacionadas a potência, combustível e torque dos veículos, por exemplo, sendo um serviço procurado no meio agrícola para equipamentos como tratores, pulverizadores, colheitadeiras e outros.
Contudo, essas alterações podem esconder alguns riscos desconhecidos pelo produtor rural, gerando muita dor de cabeça e até prejuízos financeiros. Neste artigo, vamos discutir sobre os riscos da reprogramação de máquinas e como os produtores rurais precisam ficar atentos às promessas de aumentar a potência da máquina e o menor consumo de combustível.
Como funciona a reprogramação de máquinas?
O avanço tecnológico voltado para a agricultura permitiu uma gama ainda mais moderna de máquinas que conseguem entregar resultados cada vez melhores para o produtor rural e seu empreendimento. Contudo, muitos empreendedores do campo procuram o serviço de reprogramação para escalar ainda mais.
Mas, como funciona a chipagem de máquinas? De acordo com informações do portal Cultivar, em veículos em que os sistema de injeção de combustível é realizado eletronicamente, é possível utilizar o computador para alterar todos os parâmetros controlados por esse sistema, modificando o chip dos computadores de bordo ou também a adição de chips complementares, essa técnica originou o nome “chipagem”.
Após as modificações, os parâmetros de ponto de ignição, quantidade de combustível e a pressão do turbo, por exemplo, são alterados para fornecer uma melhor performance. Entretanto, o serviço de reprogramação de máquinas não é recomendado pelos fabricantes dos veículos e pode trazer sérias consequências para o equipamento.
Quais fatores você deve prestar atenção?
Ao realizar esse serviço, o produtor rural pode perder a garantia de fábrica, o que será um enorme problema caso o equipamento apresente algum defeito. Outro ponto é que a contratação de um profissional desqualificado pode ocasionar outros problemas no equipamento para além da reprogramação. O surgimento de defeitos na máquina acarreta inúmeros prejuízos, que mexem não apenas com a parte financeira da fazenda, mas também a produção, que depende da máquina para prosseguir.
É importante ter em mente esse fator para tomar uma decisão mais consciente e não se arrepender no futuro, já que o custo do serviço também é elevado. Mas, esse não é o único cuidado que você deve tomar! Veja abaixo outros pontos de atenção.
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Falta de credibilidade do profissional
De acordo com o diretor do Núcleo de Ensaio de Máquinas Agrícolas (Nema), doutor Fernando Schlosser, divulgado no Globo Rural, é importante pesquisar bem e checar a credibilidade das empresas que prestam esse serviço, para evitar problemas com a máquina, já que o profissional precisa ter conhecimentos técnicos em mecânica, além de instrumentos específicos, como o dinamômetro.
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Vida útil comprometida
Ao aumentar o torque e a potência, a máquina acaba tendo sua vida útil comprometida, principalmente por ultrapassar as predefinições de transmissão e rodados da fábrica, já que sobrecarrega o sistema e resulta no mau funcionamento do motor. Mas, por que isso ocorre?
O fabricante elabora os quesitos mercadológicos de uma máquina e considera todos os aspectos técnicos, como o nível de torque e potência, nível de rotação, capacidade, diversos sistema e outros componentes indispensáveis para o bom funcionamento do equipamento no campo. Ao aumentar essa potência, consequentemente, são alteradas todas as definições e o equilíbrio da máquina.
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Danificar outras peças
De acordo com o diretor de engenharia industrial da FPT Industrial, Alexandre Xavier, alterar o sistema das máquinas pode acarretar em prejuízos que superam os benefícios que o produtor rural pretende alcançar com a prática, como a quebra do pistão, aumento da temperatura e trinca de turbos.
Além disso, o profissional reforça que não é uma questão apenas de aumentar a potência e reduzir o consumo, pelo contrário, envolve outras complexidades. Ao desenvolver o equipamento, o fabricante realiza diversos testes, como a calibração, os parâmetros práticos e a checagem da temperatura das turbinas, bem como as emissões da máquina, que precisam atender à legislação brasileira e dos órgãos de preservação, como o Ibama.
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Sobrecarga do sistema
Dar esse up na performance do trator nem sempre é sinônimo de desempenho no campo, principalmente se a máquina não comportar essas melhorias. Por exemplo, se o equipamento não comportar o lastro adicional necessário para chegar a uma relação peso/potência satisfatória não irá entregar a performance esperada inicialmente, de acordo com informações do portal Cultivar. Com isso, as melhorias podem ser prejudiciais para a máquina, causando elevação do consumo, falhas precoces, além dos danos mencionados anteriormente e o aumento das emissões.
Afinal, fazer ou não a chipagem no equipamento agrícola?
A chipagem permite fazer uma série de alterações no equipamento agrícola, mudando as configurações originais de fábrica e prometendo incrementar a performance de tratores e implementos agrícolas.
Contudo, o produtor rural precisa ter em mente os riscos que corre ao optar pela reprogramação de máquinas, principalmente nas garantias ilusórias que quem executa o procedimento promete. Também é importante ficar atento, pois por mais fascinante e sedutor que a reprogramação de máquinas possa parecer, é preciso ter cautela e critério, principalmente com os efeitos colaterais que os empreendedores rurais possam ter futuramente.
Vale ressaltar que em caso de problemas futuros, após a reprogramação da máquina, o fabricante tem todo o direito de recusar quaisquer solicitações de garantia ou reparo do equipamento, visto que a máquina não carrega os padrões originais de fábrica. Por isso, é importante ter muito cuidado com as alterações feitas na máquina e sempre procurar a opinião de um especialista e/ou fabricante.
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Por Thais Rodrigues*
*Estagiária sob supervisão de Isabela Azi
FONTES:
Globo Rural – https://revistagloborural.globo.com/
Revista Cultivar – https://www.grupocultivar.com.br/home
Portal Agropecuário – https://www.portalagropecuario.com.br/